CÁLCULO BILIAR

Antes de definirmos o que é cálculo biliar, vamos conhecer um pouco mais sobre a vesícula biliar.

A vesícula biliar é um órgão abdominal cuja função é armazenar a bile, produzida pelo fígado. 

A bile será liberada para o intestino delgado durante e após as refeições para auxiliar a digestão de gorduras.

Entre as refeições, a parede da vesícula concentra a bile armazenada absorvendo parte da água e sais de sua composição, aumentando assim a concentração de colesterol e cálcio.

Esse processo pode levar à formação de cálculo biliar também conhecido como “pedra na vesícula” ou litíase biliar.

O cálculo de colesterol corresponde à maioria percentual dos cálculos (90%), sendo que apresenta ainda cálcio em sua composição.

Alguns fatores de risco para formação de cálculo biliar são listados abaixo:

  • Sexo feminino
  • Idade acima de 40 anos
  • Obesidade
  • Gravidez
  • Nativo-americano
  • Rápida perda de peso (por uma dieta muito baixa em calorias ou uma cirurgia bariátrica, por exemplo)
  • Diabetes
  • Anemia hemolítica: destruição das células vermelhas (hemácias)
  • Cirrose do fígado
  • Histórico familiar de cálculos biliares

Nos Estados Unidos, cerca de 20% das pessoas com mais de 65 anos e cerca de 10% de todos os adultos apresentam cálculos biliares.

Quais são os principais sintomas ?

Uma grande porcentagem das pessoas com litíase biliar pode permanecer sem sintomas por toda a vida.

Porém, se sintomas ou outros problemas ocorrerem, é necessário tratar adequadamente. Anualmente, mais de meio milhão de pessoas nos Estados Unidos removem a vesícula biliar cirurgicamente.

Quando os cálculos biliares causam obstrução parcial ou temporária de um ducto biliar, o indivíduo poderá apresentar sintomas dolorosos. Isso ocorre porque aumenta a pressão dentro da vesícula e ocorre distensão desse órgão.

Na cólica de origem biliar, a dor costuma iniciar-se subitamente e termina gradativamente com períodos de exacerbação, às vezes irradiando-se para as costas. A dor surge na parte superior do abdômen, geralmente embaixo das costelas, à direita. Frequentemente vem acompanhada de náuseas e vômitos, podendo até muitas vezes ser confundida com dor de estômago, de rins ou até mesmo de coluna vertebral.

A dor costuma aparecer após refeições gordurosas ou refeições após um jejum prolongado. Sua duração usualmente é de até 6 horas, sendo que nos casos em que a dor persistir por mais de um dia, deve ser pensado a possibilidade de uma inflamação aguda (colecistite), podendo vir acompanhada também de febre.

Embora a maioria dos episódios de cólica biliar desaparece com medicação ou repouso, mas pode retornar em até 20% a 40% das pessoas a cada ano.

Complicações do cálculo biliar

Além da cólica biliar, a presença de cálculo biliar pode levar complicações importantes, dentre eles:

  • Colecistite aguda: inflamação aguda da vesícula, quando o cálculo fica preso na saída da vesícula.
  • Coledocolitíase: quando o cálculo obstrui o canal que comunica a vesícula ao intestino (ducto colédoco). Nesses casos, o paciente pode apresentar icterícia. A icterícia (amarelão) é devido à obstrução do caminho de escoamento usual da bile, o que leva a maiores taxas de derivados de pigmento biliar circulando no sangue, por mecanismos de reabsorção e congestão.
  • Colangite: infecção dos canais biliares por bactérias, geralmente devido à obstrução da saída da bile.
  • Pancreatite: inflamação do pâncreas causada pela agressão das enzimas próprias do pâncreas, em casos de obstrução do ducto pancreático resultando de uma migração de cálculo biliar.
  • Perfuração da vesícula biliar: resultando de inflamação intensa, a parede da vesícula biliar perfura-se, podendo levar a vazamento do conteúdo da vesícula biliar no abdômen, ou formar trajeto indesejado com estruturas e órgãos adjacentes (intestino, ductos biliares, estômago, entre outros)

Como é feito o diagnóstico de cálculo biliar?

A história clínica do paciente, em geral bastante característica, é o primeiro dado sugestivo.
Levantada a suspeita clínica, são realizados exames de sangue para avaliar a função hepática e se há sugestão de uma possível obstrução dos ductos biliares.

Quando os cálculos estão obstruindo os dutos biliares, os resultados de enzimas canaliculares e bilirrubinas costumam estar alterados, sugerindo um acúmulo de bile no fígado (colestase).

A confirmação da existência dos cálculos biliares é realizada através de um método de imagem. Usualmente solicita-se a ultrassonografia abdominal, método de escolha para a avaliação de pacientes com suspeita de cálculos biliares, com um índice de acerto variando de 95 a 99%.

O ultrassom de abdome apresenta como vantagens, ser um método não invasivo (sem anestesia ou contraste), sem irradiação, de custo acessível e desprovido de efeitos colaterais.

Outros testes diagnósticos de imagem, mais elaborados, podem ser necessários, em casos seletos:

  • Ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC)
  • Colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM)
  • Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) para investigar presença de cálculos nos ductos biliares.
  • Cintilografia, em casos mais raros, para pesquisar informações sobre o fluxo de bile e, indiretamente, sobre os cálculos e inflamação da vesícula biliar.

Qual é o tratamento para a colelitíase?

O tratamento da calculose biliar sintomática consiste na retirada cirúrgica da vesícula biliar: a chamada colecistectomia, atualmente realizada por via laparoscópica, na maioria dos casos.

Nos indivíduos assintomáticos, a retirada cirúrgica rotineira da vesícula (colecistectomia) não costuma ser indicada. Exceções são as seguintes listadas:

Recomendações Fortes:

  • Suspeita ou risco de malignidade
  • Cálculos associados com pólipo de tamanho aumentado
  • Vesícula escleroatrófica
  • Vesícula em porcelana
  • Cálculos maiores que 3 cm
  • Coledocolitíase
  • Doença hemolítica crônica
  • Candidatos a transplante de órgãos

Recomendações Relativas:

  • Risco aumentado de evolução para colelitíase sintomática:

– o expectativa de vida maior que 20 anos
– o cálculos > 1,5 cm (risco de colecistite aguda)
– o cálculos pequenos, menores que 3 mm (maior risco de coledocolitíase e pancreatite biliar)

  • Vesícula não funcionante
  • Pacientes com sintomas dispépticos vagos

Colecistectomia (retirada cirúrgica da vesícula biliar)

Hoje em dia, a cirurgia para retirada da vesícula biliar costuma ser realizada rotineiramente por via laparoscópica.

Nessa técnica, são realizadas menores incisões cirúrgicas e cicatrizes mais discretas. Os pacientes sentem menos dor no pós-operatório e apresentam uma recuperação mais rápida.

Após a colecistectomia laparoscópica, a maioria dos pacientes pode regressar à sua casa no dia seguinte.

A colecistectomia laparoscópica é realizada sob anestesia geral.

O abdômen é insuflado com gás carbônico, após o qual o cirurgião introduz o laparoscópio (câmera utilizada em cirurgias abdominais) pela incisão adjacente ao umbigo, obtém-se a imagem dos órgãos abdominais do paciente.

Outras pequenas incisões são realizadas para a adequada inserção de pinças cirúrgicas de laparoscopia, de modo a permitir o delicado manuseio cirúrgico pelo cirurgião, separando a vesícula das estruturas que a cercam.

Após isolar a vesícula biliar, secciona-se a mesma, após interromper sua porção final (ducto cístico).

E, finalmente, é realizada a retirada completa (junto com os cálculos biliares) através de uma das incisões realizadas.

O restante das colecistectomias é feito por cirurgia abdominal aberta, que necessita de incisão de maior extensão no abdômen.

No procedimento tradicional aberto, o paciente deve permanecer no hospital de três a cinco dias depois da cirurgia.

Para maiores informações, agende uma consulta na Clínica Colono para que seja feita as devidas orientações, basta nos enviar uma mensagem pela página de contato ou então falar diretamente conosco pelo nosso WhatsApp.